Com o avanço da vacinação e com o aligeirar das medidas de restrição, a página da pandemia parece estar prestes a ser virada. No entanto, este acontecimento excecional continua a moldar as tendências de consumo, com efeitos que irão continuar a repercutir-se no futuro.
A Covid-19, o seu impacto na economia e os movimentos locais e globais, fruto da pandemia, que ocorreram em 2020 e 2021, impactaram no comportamento, na atitude e valores dos consumidores.
Atento a estas tendências, o setor Agroalimentar está a adaptar-se aos novos tempos, com a indústria a trabalhar naquelas que são as inovações que irão marcar os próximos anos.
A convite da PortugalFoods, entidade gestora do cluster do setor Agroalimentar português, a consultora internacional especializada Mintel apresentou aquelas que vão ser as tendências de inovação a marcar 2022 e os anos vindouros. O estudo 2022 Food & Drink Trends foi elaborado com base em inquéritos realizados aos consumidores nos diversos mercados mundiais, assim como a partir da identificação das tendências de inovação lançadas por marcas alimentares mundiais, deixando pistas para o que vem aí (what’s next), no futuro próximo.
Para 2022, são identificadas três megatendências:
EM CONTROLO
Estes são tempos ainda incertos, com as ameaças da precariedade e insegurança financeira a manterem-se no horizonte. Para contrabalançarem estes sentimentos, os consumidores procuram, cada vez mais, uma sensação de controlo sobre os mais variados aspetos da sua vida.
Numa época em que a desinformação impera e atenta contra a tomada de decisões conscientes e informadas, querem clareza, transparência, flexibilidade e alternativas de escolha que respondam às suas necessidades e circunstâncias individuais. Nesse sentido, as marcas alimentares devem ajudar os consumidores a tomarem decisões com confiança, que protejam a sua saúde e a saúde do planeta.
A inovação e a criação de técnicas de rastreabilidade e de personalização dos produtos serão fundamentais para lançar o setor agroalimentar no futuro.
Atualmente, os consumidores já privilegiam produtos e serviços que promovem o seu empoderamento na tomada de decisão e que protegem os valores que defendem, preferindo insígnias que apelam ao sentido de comunidade (por contraponto ao individualismo) e que respondem a preocupações que são de todos, como as alterações climáticas.
Valorizam, pois, marcas que lhes permitam ter controlo sobre os ingredientes, sobre o impacto que têm na sua saúde e bem-estar (que permitam, de forma saudável, gerir o stresse e o peso, assim como fortalecer o sistema imunitário e os níveis de energia), e ainda sobre os valores morais que professam (nomeadamente práticas de comércio justo e de sustentabilidade).
Os consumidores estão igualmente mais disponíveis para optarem por produtos alimentares que promovam rotinas e permitam relaxar e mitigar a ansiedade.
What’s next | Ser transparente e responsável
É expectável que as empresas passem a fornecer informação atualizada sobre o progresso relacionado com as suas políticas a longo prazo (ou a admitir quando falham os seus objetivos).
A validação do impacto destas políticas, através de auditorias realizadas por entidades terceiras ou medido de acordo com sistemas de rating certificados, será cada vez mais relevante para os consumidores. Como tal, as marcas devem:
– Criar uma comunicação honesta e levá-la para o próximo nível, indicando de forma precisa qual o roadmap em termos de objetivos estratégicos, éticos e ambientais que pretendem atingir num determinado período de tempo.
– Promover maior transparência através de sistemas de medição padronizados que avaliem impacto nutricional dos produtos na saúde. Cada vez mais marcas irão optar por incluir nos seus rótulos informação como o Nutri-Score, um sistema de avaliação de perfis nutricionais que se encontra na frente das embalagens e que, através de cores e de letras, identifica a classe nutricional de determinado produto.
– Associar o preço dos produtos à qualidade, valores e princípios éticos. A estratégia de pricing deve estar aliada aos compromissos assumidos pelas empresas. Por exemplo, as marcas podem lançar iniciativas que permitam aos consumidores escolher o que desejam pagar aos fornecedores; ou indexar os preços a determinadas estatísticas. É o que já faz, por exemplo, a Colorado, uma marca brasileira de cerveja, que lançou uma edição especial de garrafas, a Colorado Brazil, com preços dinâmicos indexados às taxas de proteção da Amazónia.
– Criar uma proposta de valor de vá ao encontro das reivindicações emergentes. De acordo com um inquérito realizado pela Mintel, com a Kantar, em diversos mercados europeus, os consumidores consideram relevante, com praticamente o mesmo grau de importância, temas como as embalagens eco friendly; a conservação da natureza; o bem-estar dos produtores e dos trabalhadores; o bem-estar e proteção animal; a qualidade e gestão da água; a redução da pegada carbónica.
DIVERSÃO EM TODO O LADO
Depois dos confinamentos forçados, os consumidores estão ansiosos por sair e abraçar novas experiências, testar limites e explorar novas situações. Assim, as marcas alimentares têm de ir ao encontro dos seus anseios e disponibilizar produtos que ofereçam diversão e alegria, amplificando sabores, cores, texturas e aromas e que promovam interatividade com os alimentos e bebidas – seja através da formulação dos produtos, das campanhas publicitárias ou do design, por exemplo. Foi o que fez a última campanha da Absolut Vodka, com o Absolut Movement, uma coleção limitada de garrafas cheia de cores e espirais, que celebra o espírito de “mixing together”.
Também a marca de chocolates Kit Kat quis oferecer momentos de diversão ao lançar, no mercado brasileiro, a edição limitada “Kit Kat Now United”, em parceria com a banda musical Now United (constituída por elementos de diferentes geografias mundiais), que, além de um packaging inovador (com 12 barras de chocolate de cores diferentes, que representam os valores do grupo musical), inclui também uma música e videoclipe.
Até os produtos e experiências alimentares mais simples podem oferecer momentos de alegria, prazer e evasão. Como lembra o estudo da Mintel, “a comida e a bebida não se podem dar ao luxo de serem aborrecidas”, já que as diversas auscultações que têm feito aos mais variados mercados comprovam que os consumidores procuram ingredientes diferentes e experiências únicas promovidas pelas marcas que consomem.
As empresas têm, por isso, de ajudar os consumidores a divertirem-se com a comida – é o caso da Barilla, empresa de origem italiana, hoje presente em mais de 100 países com as suas massas e molhos: em 2021, lançou no Spotify diversas playlists de músicas que têm o exato tempo de cozedura das massas, estimulando os clientes a transformarem estes momentos em atividades alegres, como dançar.
What’s Next | Explorar oportunidades imersivas
Existem muitas oportunidades para gamificar as atividades quotidianas e estabelecer presença no metaverso, o mundo virtual que replica a realidade através de dispositivos digitais. Simultaneamente, fazendo o caminho inverso, as marcas podem ajudar as pessoas a reconectarem-se com o mundo real e com o tangível, oferecendo experiências que não podem ser replicadas facilmente online.
– Gamificar a comida e a bebida: Serão cada vez mais as marcas presentes no mundo virtual, com presença no metaverso e em videojogos populares, como o Fortnite, e que vão usar cada vez mais a linguagem e o design inspirados no mundo digital para atraírem uma nova geração de consumidores.
– Oferecer experiências reais para fugir ao Metaverso: Para fugir à perfeição do mundo digital, os consumidores vão também procurar experiências mais tangíveis e únicas. Assim, as marcas tenderão a encorajar as pessoas a meterem as “mãos na massa”, a cozinharem a partir de kits refeição, que fomentam as suas capacidades culinárias e que são educativos. Os consumidores procurarão reconectar-se com a natureza, procurando cultivar parte dos seus alimentos (também em kits caseiros ou hortas urbanas, altamente tecnológicas).
ESPAÇOS FLEXÍVEIS
Também como reação aos longos períodos de tempo que, nos últimos dois anos, tiveram de passar fechados em casa, os consumidores querem explorar novos locais, pelo que as marcas alimentares e os serviços de restauração devem criar espaços multifuncionais e criativos onde as pessoas se possam relacionar, comprar e comer, presencialmente ou online.
Durante 2022, as nossas casas vão continuar a ser os nossos “santuários”, por uma questão de proteção e saúde pública, já que a pandemia ainda não acabou, mas também porque o teletrabalho veio para ficar.
Assim, as marcas alimentares e a restauração vão ter de oferecer experiências diferentes para atrair os consumidores e levá-los a sair de casa.
As empresas terão de fornecer momentos de contacto com os consumidores em casa, fora de casa e online. Num estudo de mercado promovido pela Mintel no mercado alemão, 48% dos consumidores de serviços de entrega ao domicílio e takeaway, com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos, dizem que gostariam que os restaurantes investissem na sua presença em vending machines, através da disponibilização de refeições preparadas; 24% dos consumidores espanhóis que cozinham em casa, entre os 16 e 24 anos, estão interessados em ter aulas virtuais de culinária que enviam um kit de ingredientes com receita.
Da mesma forma, os consumidores consideram que as empresas de distribuição alimentar devem oferecer outras funcionalidades, que não podem ser replicadas online: no Reino Unido, num inquérito promovido junto de internautas com mais de 16 anos, metade (53%) referiu que estes espaços – mercearias, supermercados, etc. – deveriam ser igualmente pontos de reciclagem de produtos usados e embalagens; 22% afirmaram que deveriam ser locais de demonstração/configuração tecnológica; e 20% disseram que deveriam oferecer workshops.
What’s Next | Celebrar as identidades
As marcas alimentares, de bebidas e de restauração podem criar novos conceitos, como lojas pop-up ou ambientes digitais, onde possam interagir com uma base de consumidores mais diversa e heterogénea.
– Criar espaços que celebrem identidades únicas e, ao mesmo tempo, liguem indivíduos com os mesmos interesses: Nos próximos anos, a Mintel prevê que os consumidores procurem espaços físicos e online onde podem celebrar as suas características e identidades únicas.
As marcas alimentares deverão estar focadas na criação de espaços inclusivos que sejam projetados para unir fãs apaixonados pelas insígnias e, simultaneamente, dar resposta a necessidades de consumidores de nicho. Estes locais serão fóruns onde estes “embaixadores da marca” se podem conhecer, criando “micro-comunidades”;
– As empresas devem preparar-se para expor as suas marcas aos mundos analógico e digital: À medida que o desenvolvimento tecnológico avança, a coexistência entre os mundos analógico e digital será cada vez mais harmoniosa, com os consumidores a movimentarem-se, sem esforço, entre estas duas realidades – o que, naturalmente, cria novas possibilidades em termos de branding.
A Realidade Virtual e a Realidade Aumentada irão entrar, de forma irreversível, no mundo dos alimentos, das bebidas e da restauração, permitindo aos consumidores, por exemplo, aprenderem virtualmente novas técnicas culinárias, visitarem os campos de cultivo dos alimentos que consomem ou jantarem com amigos sem saírem do seu sofá.
2022 Food & Drink Trends
A apresentação do estudo 2022 Food and Drink Trends decorreu num evento promovido pela PortugalFoods e que contou com a participação de players do setor agroalimentar.
Anualmente, a associação divulga as tendências de inovação que estão a marcar o agroalimentar, corporizando aquela que é a sua missão: reforçar a competitividade das empresas do setor agroalimentar através do aumento do seu índice tecnológico, promovendo a produção, transferência, aplicação e valorização do conhecimento orientado para a inovação.
Vencedores do Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2022
/em Notícias /by PortugalFoodsJá é conhecido o projeto de eco-inovação alimentar, desenvolvido por jovens estudantes universitários, que vai representar Portugal na próxima edição do ECOTROPHELIA Europe, que decorrerá no mês de outubro, na grande feira internacional do setor, a SIAL Paris.
Handy Rice é um snack desidratado à base de arroz e yacon (tubérculo com origem nos Andes peruanos e já a ser produzido em Portugal, conhecido devido ao teor muito baixo de calorias e às suas propriedades prebióticas) e venceu a competição nacional, o Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2022, que decorreu, no dia 05 de julho, no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.
Organizada pela PortugalFoods, esta iniciativa, que vai na sexta edição, tem como objetivo distinguir a inovação, o espírito empreendedor e a competitividade do setor alimentar, lançando a estudantes, investigadores, professores e profissionais da indústria o repto de criarem produtos, inovadores e sustentáveis, que respondam às exigências e anseios dos consumidores e tenham capacidade de semear futuro.
O produto eco-inovador vencedor resulta do trabalho conjunto de estudantes do Departamento de Comunicação e Arte e do Departamento de Química da Universidade de Aveiro e da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.
Handy Rice valoriza os subprodutos do yacon, através da utilização das raízes partidas resultantes da sua colheita, sendo o xarope deste produto uma solução eficaz para a sua rentabilização. O resíduo de polpa produzido durante a sua formulação é também utilizado nos snacks Handy Rice. Na embalagem são utilizados subprodutos do arroz, com a formulação de um filme biodegradável à base de amido.
O pódio do ECOTROPHELIA Portugal 2022 foi ainda ocupado por notEggo, um substituinte vegetal ao ovo, com forma e consistência a um ovo de galinha, desenvolvido pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa – produto que, aliás, conquistou também o prémio “Born From Knowledge”, atribuído pela ANI – Agência Nacional de Inovação.
Alunos da mesma instituição académica garantiram também o terceiro lugar desta prova nacional, com o produto MealBalls, almôndegas de vegetais com a incorporação de farinha de inseto. Ao todo, estiveram a concurso oito equipas finalistas.
João Miranda, embaixador do Prémio ECOTROPELIA Portugal, refere: “Sem exceção, voltamos, mais uma vez, a constatar a enorme qualidade dos projetos, pensados e desenvolvidos por jovens estudantes das universidades e politécnicos nacionais, que se apresentaram a concurso.
A visão e a criatividade a eles subjacente são dignas de nota e aqui se vê, mais uma vez, a capacidade que as gerações mais jovens têm de questionar o status quo da indústria e imprimir velocidade à inovação, com foco na sustentabilidade ambiental e social.
Pelo contexto altamente dinâmico em que se insere, de transformação contínua, e pelas exigências impostas pelos consumidores (cada vez mais sofisticados e preocupados com o seu bem-estar e com os temas que dizem respeito ao impacto do seu consumo), o setor agroalimentar necessita de ser constantemente desafiado e provocado.
Esse tem sido o principal mérito desta competição nacional e os projetos a concurso nesta sexta edição revelam, de novo, que o Sistema Científico e Tecnológico português está fervilhante de ideias e de conceitos, capazes de lançar a indústria nacional no caminho da competitividade e do futuro.”
Por sua vez, Deolinda Silva, Diretora Executiva da PortugalFoods, afirma: “Com sucesso, esta nova edição do ECOTROPHELIA Portugal mostra que a relação entre a indústria e a academia está cada vez mais forte. Quando olhamos para as ‘lutas’ dos mais jovens, vemos que a geração de valor – económico, social, ambiental – está no centro das suas aspirações, no sentido em que querem fazer a diferença. Garantir a força deste ecossistema, inovador e colaborativo, é também a missão deste prémio.”
À sexta edição do ECOTROPHELIA Portugal concorreram, no total, 15 equipas, constituídas por cerca de 60 alunos provenientes de instituições de ensino superior de Norte a Sul do País – das quais se destacam as que garantiram presença entre as oito equipas que chegaram à final: Faculdade de Ciências e Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação da Universidade do Porto, Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, Instituto Superior de Engenharia do Porto, Departamento de Química e Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro, Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa e Instituto Português de Administração de Marketing.
Os oito projetos finalistas foram avaliados por um conjunto de especialistas em inovação alimentar e stakeholders ligados ao setor que tiveram a missão de escolher os três produtos eco-inovadores que subiram ao pódio: Paula Bico (Direção-Geral da Alimentação e Veterinária), Miguel Antunes (Agência Nacional de Inovação), Lorenzo Pastrana (INL – International Nanotechnology Laboratory), Helena Real (Associação Portuguesa de Nutrição), Ildefonso Martins (Aveleda), Cláudia Lopes (Bel), Fátima Carvalho (Primor), Vergílio Folhadela (RAR Holding), Ana Machado Silva (SONAE), Joana Queirós (Super Bock Group), Rui Costa Lima (Sensetest), Vasco Sousa (Aliados), Rui Sousa (MarketAccess), Cláudia Figueira (Diverge), Alexandra Prado Coelho (Público) e Renato Cunha (chef no restaurante Ferrugem).
Tendências de inovação e consumo no setor agroalimentar em 2022
/em Notícias /by PortugalFoodsCom o avanço da vacinação e com o aligeirar das medidas de restrição, a página da pandemia parece estar prestes a ser virada. No entanto, este acontecimento excecional continua a moldar as tendências de consumo, com efeitos que irão continuar a repercutir-se no futuro.
A Covid-19, o seu impacto na economia e os movimentos locais e globais, fruto da pandemia, que ocorreram em 2020 e 2021, impactaram no comportamento, na atitude e valores dos consumidores.
Atento a estas tendências, o setor Agroalimentar está a adaptar-se aos novos tempos, com a indústria a trabalhar naquelas que são as inovações que irão marcar os próximos anos.
A convite da PortugalFoods, entidade gestora do cluster do setor Agroalimentar português, a consultora internacional especializada Mintel apresentou aquelas que vão ser as tendências de inovação a marcar 2022 e os anos vindouros. O estudo 2022 Food & Drink Trends foi elaborado com base em inquéritos realizados aos consumidores nos diversos mercados mundiais, assim como a partir da identificação das tendências de inovação lançadas por marcas alimentares mundiais, deixando pistas para o que vem aí (what’s next), no futuro próximo.
Para 2022, são identificadas três megatendências:
EM CONTROLO
Estes são tempos ainda incertos, com as ameaças da precariedade e insegurança financeira a manterem-se no horizonte. Para contrabalançarem estes sentimentos, os consumidores procuram, cada vez mais, uma sensação de controlo sobre os mais variados aspetos da sua vida.
Numa época em que a desinformação impera e atenta contra a tomada de decisões conscientes e informadas, querem clareza, transparência, flexibilidade e alternativas de escolha que respondam às suas necessidades e circunstâncias individuais. Nesse sentido, as marcas alimentares devem ajudar os consumidores a tomarem decisões com confiança, que protejam a sua saúde e a saúde do planeta.
A inovação e a criação de técnicas de rastreabilidade e de personalização dos produtos serão fundamentais para lançar o setor agroalimentar no futuro.
Atualmente, os consumidores já privilegiam produtos e serviços que promovem o seu empoderamento na tomada de decisão e que protegem os valores que defendem, preferindo insígnias que apelam ao sentido de comunidade (por contraponto ao individualismo) e que respondem a preocupações que são de todos, como as alterações climáticas.
Valorizam, pois, marcas que lhes permitam ter controlo sobre os ingredientes, sobre o impacto que têm na sua saúde e bem-estar (que permitam, de forma saudável, gerir o stresse e o peso, assim como fortalecer o sistema imunitário e os níveis de energia), e ainda sobre os valores morais que professam (nomeadamente práticas de comércio justo e de sustentabilidade).
Os consumidores estão igualmente mais disponíveis para optarem por produtos alimentares que promovam rotinas e permitam relaxar e mitigar a ansiedade.
What’s next | Ser transparente e responsável
É expectável que as empresas passem a fornecer informação atualizada sobre o progresso relacionado com as suas políticas a longo prazo (ou a admitir quando falham os seus objetivos).
A validação do impacto destas políticas, através de auditorias realizadas por entidades terceiras ou medido de acordo com sistemas de rating certificados, será cada vez mais relevante para os consumidores. Como tal, as marcas devem:
– Criar uma comunicação honesta e levá-la para o próximo nível, indicando de forma precisa qual o roadmap em termos de objetivos estratégicos, éticos e ambientais que pretendem atingir num determinado período de tempo.
– Promover maior transparência através de sistemas de medição padronizados que avaliem impacto nutricional dos produtos na saúde. Cada vez mais marcas irão optar por incluir nos seus rótulos informação como o Nutri-Score, um sistema de avaliação de perfis nutricionais que se encontra na frente das embalagens e que, através de cores e de letras, identifica a classe nutricional de determinado produto.
– Associar o preço dos produtos à qualidade, valores e princípios éticos. A estratégia de pricing deve estar aliada aos compromissos assumidos pelas empresas. Por exemplo, as marcas podem lançar iniciativas que permitam aos consumidores escolher o que desejam pagar aos fornecedores; ou indexar os preços a determinadas estatísticas. É o que já faz, por exemplo, a Colorado, uma marca brasileira de cerveja, que lançou uma edição especial de garrafas, a Colorado Brazil, com preços dinâmicos indexados às taxas de proteção da Amazónia.
– Criar uma proposta de valor de vá ao encontro das reivindicações emergentes. De acordo com um inquérito realizado pela Mintel, com a Kantar, em diversos mercados europeus, os consumidores consideram relevante, com praticamente o mesmo grau de importância, temas como as embalagens eco friendly; a conservação da natureza; o bem-estar dos produtores e dos trabalhadores; o bem-estar e proteção animal; a qualidade e gestão da água; a redução da pegada carbónica.
DIVERSÃO EM TODO O LADO
Depois dos confinamentos forçados, os consumidores estão ansiosos por sair e abraçar novas experiências, testar limites e explorar novas situações. Assim, as marcas alimentares têm de ir ao encontro dos seus anseios e disponibilizar produtos que ofereçam diversão e alegria, amplificando sabores, cores, texturas e aromas e que promovam interatividade com os alimentos e bebidas – seja através da formulação dos produtos, das campanhas publicitárias ou do design, por exemplo. Foi o que fez a última campanha da Absolut Vodka, com o Absolut Movement, uma coleção limitada de garrafas cheia de cores e espirais, que celebra o espírito de “mixing together”.
Também a marca de chocolates Kit Kat quis oferecer momentos de diversão ao lançar, no mercado brasileiro, a edição limitada “Kit Kat Now United”, em parceria com a banda musical Now United (constituída por elementos de diferentes geografias mundiais), que, além de um packaging inovador (com 12 barras de chocolate de cores diferentes, que representam os valores do grupo musical), inclui também uma música e videoclipe.
Até os produtos e experiências alimentares mais simples podem oferecer momentos de alegria, prazer e evasão. Como lembra o estudo da Mintel, “a comida e a bebida não se podem dar ao luxo de serem aborrecidas”, já que as diversas auscultações que têm feito aos mais variados mercados comprovam que os consumidores procuram ingredientes diferentes e experiências únicas promovidas pelas marcas que consomem.
As empresas têm, por isso, de ajudar os consumidores a divertirem-se com a comida – é o caso da Barilla, empresa de origem italiana, hoje presente em mais de 100 países com as suas massas e molhos: em 2021, lançou no Spotify diversas playlists de músicas que têm o exato tempo de cozedura das massas, estimulando os clientes a transformarem estes momentos em atividades alegres, como dançar.
What’s Next | Explorar oportunidades imersivas
Existem muitas oportunidades para gamificar as atividades quotidianas e estabelecer presença no metaverso, o mundo virtual que replica a realidade através de dispositivos digitais. Simultaneamente, fazendo o caminho inverso, as marcas podem ajudar as pessoas a reconectarem-se com o mundo real e com o tangível, oferecendo experiências que não podem ser replicadas facilmente online.
– Gamificar a comida e a bebida: Serão cada vez mais as marcas presentes no mundo virtual, com presença no metaverso e em videojogos populares, como o Fortnite, e que vão usar cada vez mais a linguagem e o design inspirados no mundo digital para atraírem uma nova geração de consumidores.
– Oferecer experiências reais para fugir ao Metaverso: Para fugir à perfeição do mundo digital, os consumidores vão também procurar experiências mais tangíveis e únicas. Assim, as marcas tenderão a encorajar as pessoas a meterem as “mãos na massa”, a cozinharem a partir de kits refeição, que fomentam as suas capacidades culinárias e que são educativos. Os consumidores procurarão reconectar-se com a natureza, procurando cultivar parte dos seus alimentos (também em kits caseiros ou hortas urbanas, altamente tecnológicas).
ESPAÇOS FLEXÍVEIS
Também como reação aos longos períodos de tempo que, nos últimos dois anos, tiveram de passar fechados em casa, os consumidores querem explorar novos locais, pelo que as marcas alimentares e os serviços de restauração devem criar espaços multifuncionais e criativos onde as pessoas se possam relacionar, comprar e comer, presencialmente ou online.
Durante 2022, as nossas casas vão continuar a ser os nossos “santuários”, por uma questão de proteção e saúde pública, já que a pandemia ainda não acabou, mas também porque o teletrabalho veio para ficar.
Assim, as marcas alimentares e a restauração vão ter de oferecer experiências diferentes para atrair os consumidores e levá-los a sair de casa.
As empresas terão de fornecer momentos de contacto com os consumidores em casa, fora de casa e online. Num estudo de mercado promovido pela Mintel no mercado alemão, 48% dos consumidores de serviços de entrega ao domicílio e takeaway, com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos, dizem que gostariam que os restaurantes investissem na sua presença em vending machines, através da disponibilização de refeições preparadas; 24% dos consumidores espanhóis que cozinham em casa, entre os 16 e 24 anos, estão interessados em ter aulas virtuais de culinária que enviam um kit de ingredientes com receita.
Da mesma forma, os consumidores consideram que as empresas de distribuição alimentar devem oferecer outras funcionalidades, que não podem ser replicadas online: no Reino Unido, num inquérito promovido junto de internautas com mais de 16 anos, metade (53%) referiu que estes espaços – mercearias, supermercados, etc. – deveriam ser igualmente pontos de reciclagem de produtos usados e embalagens; 22% afirmaram que deveriam ser locais de demonstração/configuração tecnológica; e 20% disseram que deveriam oferecer workshops.
What’s Next | Celebrar as identidades
As marcas alimentares, de bebidas e de restauração podem criar novos conceitos, como lojas pop-up ou ambientes digitais, onde possam interagir com uma base de consumidores mais diversa e heterogénea.
– Criar espaços que celebrem identidades únicas e, ao mesmo tempo, liguem indivíduos com os mesmos interesses: Nos próximos anos, a Mintel prevê que os consumidores procurem espaços físicos e online onde podem celebrar as suas características e identidades únicas.
As marcas alimentares deverão estar focadas na criação de espaços inclusivos que sejam projetados para unir fãs apaixonados pelas insígnias e, simultaneamente, dar resposta a necessidades de consumidores de nicho. Estes locais serão fóruns onde estes “embaixadores da marca” se podem conhecer, criando “micro-comunidades”;
– As empresas devem preparar-se para expor as suas marcas aos mundos analógico e digital: À medida que o desenvolvimento tecnológico avança, a coexistência entre os mundos analógico e digital será cada vez mais harmoniosa, com os consumidores a movimentarem-se, sem esforço, entre estas duas realidades – o que, naturalmente, cria novas possibilidades em termos de branding.
A Realidade Virtual e a Realidade Aumentada irão entrar, de forma irreversível, no mundo dos alimentos, das bebidas e da restauração, permitindo aos consumidores, por exemplo, aprenderem virtualmente novas técnicas culinárias, visitarem os campos de cultivo dos alimentos que consomem ou jantarem com amigos sem saírem do seu sofá.
2022 Food & Drink Trends
A apresentação do estudo 2022 Food and Drink Trends decorreu num evento promovido pela PortugalFoods e que contou com a participação de players do setor agroalimentar.
Anualmente, a associação divulga as tendências de inovação que estão a marcar o agroalimentar, corporizando aquela que é a sua missão: reforçar a competitividade das empresas do setor agroalimentar através do aumento do seu índice tecnológico, promovendo a produção, transferência, aplicação e valorização do conhecimento orientado para a inovação.
Dare2Change 2021
/em Notícias /by PortugalFoodsDurante dois dias, 350 investigadores, empresários, cientistas e público ávido de novidades mantiveram o Centro de Congressos do Super Bock Arena cheio para se “atreverem a mudar” o setor agroalimentar, numa alusão ao nome da conferência internacional Dare2Change, organizada pela PortugalFoods, Colab4Food e INIAV, I.P., que decorreu no Porto, onde foram dados a conhecer desenvolvimentos científicos e tecnológicos e tendências para o futuro do Agroalimentar.
Dare2Change_Science
Utilizar tecnologia Blockchain e smart contracts para combater a fome no mundo ou redesenhar o conceito dos pratos e produtos do futuro não são utopias ou frases retiradas de livros de ficção científica.
O aproveitamento dos subprodutos da indústria para melhorar o fabrico dos alimentos, assim como a customização da nutrição foram algumas das tendências apresentadas, a par de projetos inovadores e criativos, como a criação de uma proteína a partir do ar, numa das palestras que galvanizou o muito público presente.
A preocupação com a sustentabilidade esteve no centro das intervenções dos palestrantes, que lembraram que as alterações climáticas (e as suas consequências, como os incêndios em Portugal ou as cheias na Alemanha) e os problemas de saúde (como o peso excessivo de milhões de europeus e americanos) já têm respostas por parte da comunidade científica – que têm em conta a adequada alteração de comportamentos dos consumidores e a criação de soluções nutricionais que vão ao encontro das necessidades das sociedades.
O impacto do reaproveitamento dos subprodutos da indústria, da utilização de materiais sustentáveis nas embalagens e da melhoria dos processos de digitalização nas cadeias de fabrico, entre outras alterações em curso no setor, foram o tema central do dia dedicado à Ciência.
O encerramento ficou a cargo da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, que, num discurso em livestreaming, valorizou os milhões previstos no Plano de Recuperação e Resiliência e na Agenda de Inovação para a Agricultura 2030, como contributo fundamental para a modernização e crescimento do setor.
Dare2Change_Business
A abertura do segundo dia do evento foi feita pelo Secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, que colocou em evidência a visão empreendedora das empresas e o papel dos clusters portugueses no crescimento da inovação e das exportações.
Na sua intervenção, mostrou como a fileira é capaz de entrar nos países mais diversos: “É, provavelmente, o único setor em que alguns dos seus maiores mercados são extracomunitários, como o Brasil e os EUA, onde temos verdadeiros produtos-estrela”. O Investimento Direto Estrangeiro no setor foi outro dos realces no discurso do Secretário de Estado da Internacionalização, com “vários investimentos fortes nos frutos secos, nos frutos vermelhos, no azeite, no vinho”, como exemplos do potencial do Agroalimentar no País.
Este dia da conferência, focado no negócio, teve a intervenção de empresas e de entidades como a AICEP, que apresentaram estratégias para a indústria agroalimentar, já em execução ou em projeto, com impacto na cadeia de valor, através de parcerias entre organizações nacionais e internacionais. Foram, também, analisados com maior profundidade a transição digital, a adoção de novas tecnologias com impacto no negócio e como contributo para o aumento da competitividade do setor.
A ambição exportadora da fileira vínica nacional e a estratégia de comunicação das marcas para a valorização do seu país de origem – Portugal – tiveram abordagens cativantes, motivando diálogo aceso entre a plateia e os palestrantes, e sublinhando a exigência de uma abordagem com mais criatividade, atrevimento e conhecimento.
O painel final, com o tema da inovação no marketing e na comunicação de marcas, num mercado global cada vez mais desafiante, deu palco ao trabalho inovador de alguns dos maiores players do Agroalimentar na abordagem ao mercado e ao consumidor: empresas como a Cerealis, Sonae MC, Super Bock Group e Sociedade da Água de Monchique mostraram como, de forma criativa, fazem alinhar, nas suas estratégias de marketing, a preocupação com a sustentabilidade com a satisfação das necessidades dos consumidores e a antecipação de tendências.
Inovação & Empreendedorismo
Enquadrados no Dare2Change decorreram ainda dois concursos: um de posters científicos; e um concurso de empreendedorismo, Ideas4Sharks, que teve como objetivo reconhecer e premiar a criação de ideias e de negócios inovadores e sustentáveis no Agroalimentar.
Em relação aos posters, saiu vencedora Stéphanie Reis, da equipa do Colab4Food, com o poster “Market Trends in mood and energy-boosting food”. A organização entendeu dar nove menções honrosas, premiando assim investigação de alunos e investigadores da Universidade de Aveiro, Universidade do Minho, Universidade Católica Portuguesa, Instituto Superior de Agronomia, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em parcerias com entidades científicas e empresas.
No concurso Ideas4Sharks, o vencedor foi o projeto Oh!Snack, uma iniciativa da Salsicharia da Gardunha – empresa associada da PortugalFoods – que criou snacks e bites de frango e peru, não fritos e temperados com ingredientes de origem natural, sendo lentamente secos a baixa temperatura. Uma inovação saudável que permitiu criar uma nova marca numa empresa dedicada aos enchidos tradicionais.
Amândio Santos, Presidente do Conselho de Administração da PortugalFoods, resumiu desta forma o evento: “O setor Agroalimentar mostra uma enorme vitalidade e evolução tecnológica. E esta conferência mostrou que este ecossistema colaborativo, entre a Ciência, a Investigação Aplicada e a Indústria, tem respondido às necessidades do consumidor. O conhecimento que o Sistema Científico e Tecnológico transmite tem sido bem aplicado. Este evento deu-nos a conhecer as melhores práticas, a investigação e as tendências a nível global, que permitem ampliar o conhecimento, a criatividade e a capacidade empreendedora de todos”.
A conferência internacional Dare2Change integra-se no projeto PortugalFoods_Qualifica, que tem como missão o reforço da competitividade empresarial do setor agroalimentar nacional e o incremento do índice tecnológico das empresas portuguesas. Este projeto é financiado pelo COMPETE2020, Portugal2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Ver Reportagem Fotográfica
Catálogo digital do setor agroalimentar
/em Notícias /by PortugalFoodsO catálogo digital da oferta portuguesa – Portuguese Food & Beverage Portfolio – é um diretório online, de acesso público, destinado à promoção das empresas e produtos do setor agroalimentar português junto de compradores internacionais.
Neste catálogo digital, que pode ser consultado rapidamente em qualquer lugar através de um smartphone, tablet ou computador, cada empresa terá um perfil individual, onde poderá apresentar as suas marcas, produtos, elementos diferenciadores e mais-valias competitivas.
As empresas poderão, igualmente, destacar os produtos vocacionados para a exportação, assim como informar sobre as suas boas práticas, salientando certificações e distinções internacionais que lhes foram atribuídas.
Esta ferramenta será divulgada em todas as ações de promoção internacional desenvolvidas pela PortugalFoods. Será também apresentada aos compradores internacionais e a toda a rede da AICEP, para uma promoção eficaz do setor a nível internacional.
Portuguese Food & Beverage Portfolio
Para reforçar a presença internacional da sua empresa, por favor preencha e envie a ficha de inscrição para o email [email protected]
Para mais informações por favor consulte as condições de participação ou contacte-nos através do telefone (+351) 220 944 476.
Esta iniciativa está enquadrada na estratégia da PortugalFoods para a promoção digital do setor agroalimentar e é uma ação financiada pelo COMPETE2020, Portugal2020, Algarve2020, Lisboa2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Sabia que a segurança alimentar depende da ciência?
/em Notícias /by PortugalFoodsA PortugalFoods alia-se à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e à Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) para divulgar a campanha «#EUChooseSafeFood» que pretende consciencializar a população para a ciência que está por trás da segurança alimentar na União Europeia e ajudar os consumidores a tomarem decisões informadas acerca das escolhas alimentares do dia-a-dia, com a tranquilidade de saber que os seus alimentos são seguros.
A EFSA pretende encorajar a sociedade a tomar decisões alimentares com confiança, explicando o papel essencial da ciência e dos cientistas na segurança alimentar. Desde ajudar a decifrar os rótulos e a compreender os ingredientes, até aconselhar, por exemplo, sobre o porquê de as batatas cruas não deverem ser conservadas no frigorífico, a campanha oferece informação de grande utilidade prática para os consumidores.
Flipa Melo de Vasconcelos, Subinspetora-Geral da ASAE, deu as boas-vindas à campanha: “Esta iniciativa é extremamente importante e vai contribuir para fortalecer a confiança dos consumidores no sistema alimentar. Esta campanha destaca o papel crucial da cooperação constante entre a EFSA, autoridades competentes, organizações de consumidores, produtores alimentares, academia e a sociedade civil, através da ASAE enquanto Autoridade de Segurança Alimentar e seu Focal Point nacional. É essencial que os cidadãos Europeus conheçam e, acima de tudo, confiem nos alimentos que ingerem, onde quer que estejam dentro da geografia da União Europeia, conhecida como o espaço alimentar mais seguro do Mundo.”
Clique aqui para saber mais sobre esta campanha
Protocolo de cooperação com a APCER
/em Notícias /by PortugalFoodsA PortugalFoods e a APCER formalizaram recentemente um protocolo de cooperação que visa definir um conjunto de benefícios para os Associados da PortugalFoods.
Se a sua empresa é Associada da PortugalFoods pode beneficiar de descontos nos serviços de certificação e formação:
– Serviços de Certificação: até 5% abaixo do valor praticado, de acordo com a complexidade do serviço e número de instalações abrangidas.
– Serviços de Formação: 10% abaixo do valor praticado.
Contacte-nos para saber como pode beneficiar destas condições exclusivas.
Vencedores do Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2021
/em Notícias /by PortugalFoodsRealizou-se ao final da tarde de 29 de junho, na Casa do Vinho Verde, no Porto, a cerimónia de entrega de prémios da 5ª edição do Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2021.
O concurso encontrou o seu vencedor, numa cerimónia onde os 10 finalistas tiveram oportunidade de apresentar e defender os seus produtos junto do Júri ECOTROPHELIA Portugal 2021.
Baguitas (bolacha crocante com farinha de bagaço de uva, mel nacional e frutos secos, rica em fibra), foi o grande vencedor da edição de 2021, seguido por Molitaste (snack saudável, saboroso e sustentável, com farinhas de inseto e de trigo sarraceno) e MochiPortugal (massa de arroz glutinoso com recheio de gelado de castanha salgada e núcleo de geleia de marmelo) que venceram respetivamente os 2º e 3º lugares desta competição. Os vencedores do primeiro lugar do Prémio ECOTROPHELIA Portugal 2021 conquistaram também a distinção “Born From Knowledge”, atribuída pela ANI – Agência Nacional de Inovação.
Ana Gomes, representante da Universidade Católica Portuguesa no Conselho de Administração da PortugalFoods, destaca a importância da realização do ECOTROPHELIA em Portugal e reforça que “apoiar este prémio é apoiar a internacionalização, que é uma das nossas missões, e que tem na sua base o conhecimento, que começa nas universidades pela mão dos nossos jovens estudantes que, com a sua inspiração e dedicação, têm sido capazes de criar produtos que geram valor acrescentado, alinhados com as novas tendências, que incluem por exemplo a procura por um maior equilíbrio emocional até a um maior impacto sensorial e, também, um dos grandes vetores deste prémio, que é a sustentabilidade, com a redução do desperdício, a utilização na integra da matéria-prima da produção nacional. Associando-se a este prémio, a PortugalFoods está a constituir uma plataforma de eco-inovação juntando todos os agentes que podem trazer valor para o setor agroalimentar, nomeadamente, academia, indústria e empresas”.
Para Deolinda Silva, diretora-executiva da PortugalFoods, “esta iniciativa deve ser acarinhada na medida em que reflete o ecossistema de inovação agroalimentar em Portugal, desde os estudantes, os seus mentores, cientistas e investigadores, até à indústria e às empresas. O caminho dos novos produtos, até chegarem ao mercado, é exigente e requer empenho, dedicação e trabalho, uma vez que o que se pretende com esta iniciativa é valorizar economicamente o conhecimento. Acreditamos que este caminho permitirá que alguns dos produtos desenvolvidos no âmbito do ECOTROPHELIA Portugal possam chegar ao mercado”.
O júri do ECOTROPHELIA Portugal 2021 é constituído por 12 figuras representativas do setor agroalimentar e especialistas em inovação alimentar, reconhecidos pela sua notoriedade, independência e competência, nomeadamente, Vergílio Folhadela (RAR Holding), Ana Machado Silva (SONAE), Fátima Carvalho (Primor), Helena Real (APN), Ildefonso Martins (Aveleda), Joana Gomes Queirós (Super Bock Group), Lorenzo Pastrana (INL), Miguel Antunes (ANI), Paula Bico (DGAV), Pilar Morais (Frulact), Rui Costa Lima (Sense Test) e Rui Sousa (Market Access).
A quinta edição do ECOTROPHELIA, em Portugal, reuniu candidaturas de norte a sul do país, encontrando-se entre as várias instituições de ensino que participaram, e que representam as equipas finalistas, a Escola Superior de Artes e Design, a Escola Superior de Biotecnologia –Universidade Católica Portuguesa, a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, o Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa, o Instituto Superior de Administração e Gestão, a Universidade de Aveiro, a Universidade do Minho e a Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias.
Os vencedores do ECOTROPHELIA Portugal 2021 juntar-se-ão agora aos pares europeus para a grande final da competição europeia ECOTROPHELIA 2021, que terá lugar no dia 11 de outubro, em Colónia, na Alemanha, no âmbito do maior evento mundial do setor – a Anuga. Esta foi a quinta edição do ECOTROPHELIA em Portugal e decorreu com o apoio de várias entidades do setor agroalimentar.
Dinamizada pela PortugalFoods a nível nacional, desde o lançamento da primeira edição, em 2017, esta iniciativa pretende continuar a destacar o reconhecimento do esforço que o setor agroalimentar tem feito no sentido de se aproximar das universidades e dos centros de conhecimento e inovação, estreitando relações, criando valor e evidenciando que o setor está a preparar o futuro.
A edição de 2020 do Prémio ECOTROPHELIA teve especial relevância para Portugal, uma vez que o projeto vencedor do concurso a nível nacional foi também o grande premiado europeu – entre os 13 países que estiveram a concurso. OrangeBee – o preparado fermentado desenvolvido por duas alunas da Universidade de Aveiro – foi o grande vencedor da 13ª edição do ECOTROPHELIA Europe, elevando o conhecimento, a capacidade de inovação, o empreendedorismo e a capacidade competitiva do setor agroalimentar nacionais a nível europeu.
Embalagem: Tendências e Oportunidades
/em Notícias /by PortugalFoodsO mundo mudou a partir do ano de 2020. Realidades urgentes, deram origem a transformações quase imediatas e isso refletiu-se também nos comportamentos dos consumidores a nível global. A mudança de comportamentos, de estilos de vida, de hábitos de consumo e um novo entendimento sobre o impacto do consumo no planeta são oportunidades de desenvolvimento daquele que é um dos aspetos fundamentais de qualquer produto: a Embalagem.
Ainda que possa ser pouco considerada por alguns, a realidade é que a embalagem é o primeiro contacto físico de qualquer produto com o consumidor. Soluções funcionais, que se apresentem com formatos que privilegiem comodidade e conveniência (em função e em preço) e que transmitam valores intrínsecos (como os relacionados com a ação responsável das marcas) são oportunidade para conquistar a atenção do consumidor e fazer mudar a sua decisão no momento da compra.
O valor acrescentado que a embalagem pode gerar
Qualidade, segurança e preço devem ser dados adquiridos na apresentação de produtos para os consumidores pós-pandemia. Se o sentimento de segurança e a qualidade são inquestionáveis e o preço um dos fatores determinantes no momento de decisão, a embalagem pode acrescentar valor a esta equação. O entendimento do consumidor mudou e a embalagem encerra em si a capacidade de transmitir os valores de segurança, conveniência e acessibilidade de preço.
No entanto, além destes critérios primários, que o consumidor privilegia nos produtos elementares, continuam a existir os desejos mais indulgentes, os aspiracionais. Nesses, o consumidor está disposto a investir mais um pouco, desde que lhes reconheça as qualidades que aumentam o seu valor no momento da decisão, por exemplo, através de embalagens que permitam uma maior durabilidade dos produtos, uma melhor preservação ou arrumação.
As oportunidades para responder às motivações e necessidades do consumidor passam por novos modelos de apresentação do produto no ponto de venda e pelos formatos económicos, destacando igualmente os atributos de segurança e higiene. Não são de desconsiderar os atributos relacionados com a responsabilidade ambiental das embalagens e seus formatos.
O passado recente levou os consumidores a adotarem novos comportamentos, por opção ou por necessidade. Durante a pandemia o consumo centrou-se muito nos produtos essenciais, pelo que existe uma apetência latente por produtos que aumentem o sentimento de satisfação pessoal, de recompensa. Por esses, o consumidor estará disposto a entregar um pouco mais, desde que reconheça o valor do produto face ao seu preço. Uma das formas de evidenciar este valor é na embalagem.
A embalagem como primeiro ponto físico de contacto entre consumidor e produto
O bem-estar é uma das principais preocupações dos consumidores, bem-estar físico e mental/emocional, o que dá às marcas a oportunidade de desenvolverem soluções de embalagem que permitam aos consumidores um sentimento de maior segurança em relação a possíveis contágios.
A embalagem desempenha um papel significativo na forma como os consumidores encaram a higiene e segurança dos produtos que levam para as suas casas e para as suas famílias. A preocupação com o contágio continuará a motivar a aposta na inovação, com novos materiais e novas estruturas de embalagem.
A embalagem tem aqui um papel fundamental na medida em que transporta um sentido de segurança física e emocional. Física porque mantém íntegros os produtos para a sua função, e emocional porque pode ter a possibilidade de, através de soluções inovadoras na usabilidade, transmitir uma maior segurança em relação aos receios mais eminentes neste período de pandemia.
Este sentimento de segurança é também uma tendência de futuro. A expectativa é que as embalagens apresentem, de forma mais generalizada, características antivirais e sistemas de verificação de origem e produtor através de tecnologias como blockchain.
A embalagem assumirá cada vez mais o papel de mensageiro para a diferenciação entre marcas e, principalmente, para tornar evidentes os valores próprios que respondem às preocupações e aspirações dos consumidores. Esta é também uma oportunidade. A capacidade de usar a embalagem como um meio para estabelecer e construir uma relação com o consumidor, não só através das mensagens que partilha, mas também através das funções que apresenta.
Sustentabilidade versus Responsabilidade
Já não basta ter um discurso sobre sustentabilidade. Cada vez mais, o consumidor quer conhecer o comportamento das marcas relativamente à sua atividade, aos seus produtos e também em relação às embalagens. A visão holística da responsabilidade que evidencia os valores da ética, qualidade e localidade dentro do contexto global e enquadrado no definido pelo conceito de sustentabilidade (ambiental, social e económica).
A consciência das marcas relativamente ao nível de frustração dos consumidores sobre, por exemplo, a falta de transparência e a omissão, é uma oportunidade para melhorar e a embalagem é um dos meios para o conseguir. Embalagens responsáveis, que são produzidas, transportadas e eliminadas de forma responsável têm maior probabilidade de serem escolhidas no linear. No entanto, esta tendência será tanto mais verificável quanto o princípio da responsabilidade se aplicar a toda a atividade da marca.
O desconhecimento e a falta de informação são ainda uma constante na mente dos consumidores e isso gera insegurança. No entanto, a ligação entre as opções de consumo e as alterações climáticas é cada vez evidente para os consumidores e isso trará alterações às decisões de compra.
Melhor informação e sinalética e comunicação mais eficazes nas embalagens são aspetos que os consumidores valorizarão cada vez mais e que serão preponderantes no momento da compra.
PortugalFoods_Qualifica
Desenvolvido no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica, a iniciativa “Embalagem: Tendências e Oportunidades” coloca o foco na relação do consumidor com a embalagem, debatendo e analisando aspetos que incluem a funcionalidade, a oportunidade para o consumo, a confiança e, até, a emocionalidade associada a produtos e marcas.
O projeto PortugalFoods_Qualifica é financiado pelo COMPETE2020, Portugal2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Roadmap Tecnológico para o setor agroalimentar
/em Notícias /by PortugalFoodsO “Roadmap Tecnológico para o setor agroalimentar português”, documento estratégico para o processo de inovação e desenvolvimento de novos produtos para o setor agroalimentar nacional, desenvolvido pela PortugalFoods no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica, pretende contribuir para que as empresas compreendam as tendências e necessidades do mercado e os fluxos de conhecimento que permitem dar resposta a essas necessidades, para que possam orientar os seus recursos no sentido que garantir a sua competitividade.
O documento – que tem associado um horizonte temporal definido e identifica um conjunto de caminhos críticos para a prossecução dos objetivos tecnológicos e de mercado das empresas e do setor – apresenta quatro camadas distintas que se relacionam com cinco percursos tecnológicos que traduzem as ligações e interdependências entre as várias camadas e os elementos que as constituem, resultando num mapa global que consolida este guia.
Mercado, Produto, Tecnologia/Processo e Atividades de I&D – Quatro Camadas Interdependentes
Mercado, Produto, Tecnologia/Processo e Atividades de I&D são as quatro componentes, camadas, consideradas mais importantes na elaboração deste Roadmap. Interdependentes e interrelacionadas, estas componentes têm associados processos de desempenho com horizontes temporais definidos, entre o curto, o médio e o longo prazos (1, 3 e 7 anos respetivamente).
Na componente Mercado são identificadas 10 tendências/oportunidades de mercado existentes para as empresas do setor, cada uma com características próprias e com um horizonte temporal próprio de expectativa de desenvolvimento. Estas tendências são: Dietas low-carb (curto prazo), Eat-on-the-go (curto prazo), Alternativas a ingredientes prejudiciais para a saúde (curto-médio prazo), Sustentabilidade (curto-médio prazo), Food integrity (curto-médio prazo), Saúde e bem-estar (curto-médio prazo), Alimentação personalizada (curto-médio-longo prazo), Dietas plant based e meat free (curto-médio-longo prazo), Sabores inovadores (médio prazo) e Clean Label (médio-longo prazo).
Já a componente Produto identifica 16 necessidades de produto associadas às tendências de mercado, com exceção para as tendências Sustentabilidade e Food integrity que, pela sua natureza, deverão estar associadas a todos os novos produtos em desenvolvimento na indústria agroalimentar, independentemente do seu horizonte temporal. Produtos com baixo teor de sal e de açúcar, com redução/eliminação de conservantes e de corantes sintéticos ou que estimulem a saúde mental estão entre os identificados como necessários. Ainda, e neste mesmo conjunto, encontram-se os produtos alimentares baseados em proteínas alternativas (como larvas, insetos e proteína vegetal) e os com novos sabores, de fusão e experiências étnicas.
A componente Tecnologia/Processo identifica 27 necessidades relevantes para a obtenção dos produtos identificados na componente Produto. Entre estas quase três dezenas de necessidades encontram-se as embalagens ativas/funcionalizadas, a desidratação, a inteligência artificial e a internet das coisas, os métodos analíticos para a determinação de origem e deteção de adulterações ou a cultura in-vitro de células animais.
Finalmente, a componente Atividades de I&D que identifica 13 atividades necessárias ao desenvolvimento das tecnologias/processos e produtos identificados nas componentes anteriores. Nesta componente, relacionada com a investigação e desenvolvimento que são necessários para a supressão das necessidades identificadas, podem encontrar-se o desenvolvimento de alimentos que promovam a saúde e o bem-estar, com propriedades antimicrobianas e antioxidantes, e de novos métodos para controlo da qualidade, origem, deteção de adulterações e segurança alimentar. A valorização de subprodutos para a criação de novos alimentos e produtos e o desenvolvimento de fontes alternativas de macronutrientes fazem também parte das atividades de I&D.
Cinco Percursos Tecnológicos – Cinco frações do caminho global apontado pelo Roadmap
São cinco os percursos tecnológicos apresentados pelo Roadmap e têm como objetivo permitir a análise das ligações e interdependências entre as quatro componentes identificadas e as suas várias necessidades. Estes percursos tecnológicos representam caminhos genéricos que as empresas do setor agroalimentar português terão de percorrer desde a fase de I&D e desenvolvimento tecnológico até à fase de mercado.
O primeiro percurso tecnológico relaciona as interdependências das tendências de mercado “Saúde e bem-estar” e “Alimentação personalizada” e que materializam a procura crescente dos consumidores por alimentos que potenciem a saúde e bem-estar ao mesmo tempo que se adequam às suas necessidades sociais e culturais.
O segundo percurso, o menos complexo, foca-se apenas numa tendência de mercado – “Dietas plant based e meat free” – e está relacionado com a necessidade de desenvolver produtos alimentares com proteínas alternativas ou formuladas em laboratório.
Por outro lado, o terceiro percurso, o mais complexo, relaciona as tendências “Alternativas a ingredientes prejudiciais para a saúde”, “Clean label” e “Dietas low carb” evidenciando a necessidade da indústria desenvolver produtos mais naturais e menos processados e com menor impacto na saúde dos consumidores.
Já o quarto percurso tecnológico relaciona as necessidades de tecnologia/processo com as tendências de mercado “Sabores inovadores” e “Eat-on-the-go”, colocando o foco na globalização e nos novos estilos de vida e hábitos de consumo dos consumidores, cada vez mais em exigentes, ávidos de novas experiências e em movimento.
Finalmente, o quinto percurso, que relaciona as necessidades tecnológicas associadas às duas tendências de produto transversais – “Sustentabilidade” e “Food integrity” – que deverão estar presentes em todos os novos produtos a desenvolver pela indústria agroalimentar, pelo que, neste percurso, a relação é estabelecida entre as tendências de mercado e as necessidades de tecnologia/processo para o desenvolvimento dos produtos.
Download “Roadmap Tecnológico para o setor agroalimentar português”
Aceda ao documento completo, disponibilizado gratuitamente no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica.
Este projeto é financiado pelo COMPETE2020, Portugal2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.
Tendências de inovação e consumo no setor agroalimentar em 2021
/em Notícias /by PortugalFoodsPreocupação com a saúde mental e procura por produtos alimentares com mais valores éticos e capazes de fortalecer laços sociais serão os grandes influenciadores das marcas alimentares, que também estarão mais concentradas em oferecer experiências de compra mais seguras, higiénicas e interativas. Tendências foram apresentadas a 11 de Fevereiro num webinar promovido pela PortugalFoods.
A pandemia redefiniu os comportamentos humanos, o que se reflete também nas escolhas alimentares dos consumidores. Estas alterações são determinantes para o futuro do setor agroalimentar, com a indústria a ter de se alinhar e preparar para responder às tendências de inovação do setor, que giram em torno de três vetores fundamentais para os consumidores: bem-estar, valor e identidade.
De acordo com a consultora internacional especializada Mintel, a Covid-19, pelo profundo impacto que tem na sociedade, acelerou exponencialmente as tendências de inovação que se previam para a próxima década. No setor agroalimentar, 2021 já é o futuro.
Para 2021, são identificadas três grandes tendências:
Bem-estar | Alimentar a Mente
Nos últimos anos, os consumidores ganharam maior consciência dos cuidados que devem ter com a sua saúde mental e emocional, mas a pandemia trouxe o bem-estar para o centro da vida das pessoas. No futuro, os consumidores irão procurar mais produtos e serviços que ofereçam benefícios concretos para os seus níveis de saúde e bem-estar mental, o que orientará a indústria para abordagens baseadas em psicologia e experiências – e sempre em sintonia com a tecnologia, que orienta e informa consumidores cada vez mais digitais.
– Novas receitas vão expandir as atividades de alívio do stresse: Produtos serão criados para valorizar as atividades de lazer e de descompressão, seja ver televisão ou meditar. Elementos sensoriais como perfumes e ingredientes funcionais serão utilizados para adicionar experiências reais a eventos virtuais – como snacks energéticos para consumir durante um videojogo ou bebidas perfumadas para bebericar enquanto se acompanha um tutorial de meditação.
– Preocupação com saúde mental acelera produtos alimentares conscientes e intuitivos: Sensibilizados pelo contexto pandémico, os consumidores vão fazer compromissos mais sérios para reduzir os riscos para a saúde, preferindo alternativas alimentares mais saudáveis, mais conscientes e intuitivas – quer física, quer mentalmente. Assim, mais marcas vão posicionar-se neste campo, ajudando os consumidores a fazerem melhores escolhas, facilitando, por exemplo, a redução do consumo de álcool; ou sublinhando a densidade nutritiva dos seus produtos, um conceito-chave para a chamada alimentação intuitiva que privilegia alimentos com um rácio muito elevado de nutrientes benéficos, em comparação com as calorias.
Valor | Qualidade redefinida
Motivados pelo ‘choque pandémico’, os consumidores estão a procurar um regresso ao essencial, focando-se na redução do consumo e em encontrarem mais valor acrescentado nas suas compras. Poupança de tempo, segurança alimentar e conveniência nos produtos alimentares e na restauração serão cruciais. O foco dos consumidores em garantirem mais valor vai motivar as empresas a serem mais transparentes sobre a política de preços e a darem mais detalhes acerca dos ingredientes e processos.
– Expectativas éticas aceleram ‘valor com valores’: A Covid-19 expôs a necessidade de, enquanto sociedade, nos apoiarmos uns aos outros. As marcas e os retalhistas têm, agora, a oportunidade de lançarem produtos com preços alinhados com declarações éticas e ambientais – produtos de ‘valor com valores’. Uma das prioridades será criar produtos nutritivos e saudáveis com preços acessíveis. Esta tendência também permitirá às empresas aumentarem moderadamente os preços se explicarem como tal subida está relacionada com a oferta de qualidade, segurança e responsabilidade corporativa.
– Experiência no retalho evolui: A pandemia traz novos requisitos em termos de higiene e segurança, especialmente no que diz respeito ao retalho e à restauração. Os consumidores vão exigir inovações ‘sem toque’, incluindo carrinhos de compra inteligentes ou embalagens que limitem o contacto direto com as mãos durante o momento de consumo. Adicionalmente, e à medida que os mercados vão recuperando, os consumidores estarão mais abertos à conveniência experiencial: optando por modelos híbridos de compra (online e offline), que informem e entretenham ao mesmo tempo.
Identidade | Unidos pela comida
Reconhecida a importância das relações sociais, os consumidores irão organizar-se em comunidades (tanto digitais como físicas) para socialização. O setor agroalimentar e a restauração podem tirar vantagem do facto de serem percecionados como indústrias que constroem laços e promovem entidades comuns, baseadas em sabores e gastronomia. Assim, as marcas vão ativamente construir redes online de consumidores e organizar encontros presenciais (à medida que as restrições forem sendo levantadas) – e que não tenham apenas como fim a degustação, mas possam inclusivamente promover causas.
– Criação de comunidades onde os consumidores podem estabelecer novas ligações: Os consumidores vão querer criar relações autênticas com outras pessoas que partilham os mesmos valores e gostos – como já acontece em áreas como o desporto, vestuário e eventos culturais, que criam comunidades de pessoas que celebram paixões comuns. Seguindo o exemplo, o setor alimentar pode promover espaços virtuais que, além de plataformas de ecommerce, apresentem fãs de marcas uns aos outros e onde podem ser partilhadas, de forma dialogante e independente, receitas, dicas e outras informações. Fatigados pelo confinamento e pelos ecrãs, os consumidores também estarão sedentos de oportunidades de socialização autênticas, pelo que será vital para as marcas a criação de espaços comuns onde possam – de forma segura – reunir e formar ligações fortes.
– Social ecommerce pode capitalizar com a comunidade: O comércio online interativo é uma ferramenta para a união das pessoas. Nesse sentido, as marcas agroalimentares podem adotar modelos de social ecommerce, nos quais a experiência de compra online é partilhada com outros compradores e amigos. Estas plataformas replicam as experiências de consumo ‘reais’ e promovem oportunidades de negócio diferenciadas (por exemplo, descontos específicos para determinados grupos de consumidores). Este modelo online pode ser expandido para eventos presenciais, para os quais grupos de fãs selecionados são convidados a receberem edições limitadas de compras feitas online ou a experimentarem menus em momentos de confraternização (segura).
2021 – Global Food and Drink Trends
O estudo “2021 – Global Food and Drink Trends”, da Mintel, está disponível para consulta no âmbito do projeto PortugalFoods_Qualifica, que tem como missão o reforço da competitividade empresarial do setor agroalimentar nacional e o incremento do índice tecnológico das empresas portuguesas. É financiado pelo COMPETE2020, Portugal2020 e União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional.